MORTE NO SERTÃO
Essa é uma história não inventada
Mas revelada que veio do coração.
É a história de um pequeno homem
Que adorava sua terra e se chamava João.
Todo dia, bem cedo, no germinar da aurora boreal
João pegava no batente
E com a fé e sorriso no dente
Iniciava seu ardil braçal.
A enxada chorava a cada dente que perdia
Batendo naquele chão duro do sertão
As lágrimas não eram de tristeza
Mas de felicidade, pela insistência de João.
João olhava para o céu
Pedindo uma sombra no fim do dia
Porém a sombra estava descansando
E seu único arbusto era sua cabra vadia.
Seus joelhos calejados
De tanto se ajoelhar
Guardando suas lágrimas debaixo do suor
Porém seu trabalho era recompensado
No arrebol no fim do horizonte
E o canto do Carijó.
Um dia seu Canto morreu
Deixando o coração do pobre nordestino
Como vidro retalhado por um furacão,
Também morreu sua cabra vadia
E sem nenhuma agonia
Foi-se sem comparação.
Já no fim do dia
A natureza silencia
E João batendo naquela terra dura
Não tinha mais emoção
Com seus pés calejados
E sua enxada ao lado
João está a descansar
Termina mais um dia no sertão
Com alegria ou lágrimas no chão
João está lá...
Hoje o sol raiou
A cadeira não balançou
E a enxada ao lado
Viu que João não suspirou.
(YENGAF ROCHA)